domingo, 11 de agosto de 2013

Dia dos Pais


Meu pai era um curioso. E voltado para as pessoas, ajudando-as no que podia. Ele se metia em diferentes áreas, certo de que poderia aprender. E ajudar. Às vezes, exagerava. No final da vida, com  a memória falhando, dava dinheiro para os mendigos na rua, que riam dele, pedindo dinheiro seguidamente, pois percebiam que ele não se lembrava de ter acabado de dar. Eu tentava explicar e dissuadi-lo. Não sei se ele não acreditava ou se sua vontade de ajudar era maior do que qualquer outro argumento. Continuava dando.

Não deve ter sido uma criança fácil. De enorme inteligência, deve ter aprontado muito.  Histórias que eu só soube quando já idoso, quando as lembranças do passado eram mais vivas do que as recentes, como a da festa do limpador de chaminés (nunca entendi o que era isso, nem ele sabia mais explicar). Nessa ocasião, seu pai insistia que ele teria que ir à festa. Ele teimava que não iria. Até que o pai perdeu a paciência e partiu para a surra. Mas o esperto correu atrás da mãe e disse: “que feio, um homem tããão grande (e meu avô era, de fato, um homem grande), batendo numa criança tããão pequena...”. E assim driblava a figura de poder. Seu pai, também inteligente, fazia o mesmo. E assim escapou de Hitler. Exercícios de astúcia, inteligência, criatividade. Sintonia com as condições do presente para conseguir o que queria para o futuro, próximo ou distante. Meu avô queria levar a família para outro continente e livrar as gerações futuras do que ele julgava que seria, sempre, motivo de perseguições: o fato de ser judeu. Viajou o mundo e escolheu o Brasil, pois aqui via a convivência de diferentes raças. Mesmo assim, converteu-se ao Catolicismo assim que chegou com todos. Era determinado. Assim como o filho, que não foi à tal festa.

Meu pai se entregava de corpo e alma ao que acreditava. Se precisasse, escondia seus feitos.  Era teimoso (ou perseverante?). Talvez tenha aprendido isso com seus pais que conversavam escondidos, sempre no carro, porque diziam que as paredes tinham ouvidos. E tinham. Foram muitas as artimanhas para escapar da Alemanha, sempre escondendo algo. Meu pai contava que um dos planos de fuga incluía enviar dinheiro dentro de um exemplar do jornal do dia para o hotel Haus Holub, na Checoslováquia em nome de um hóspede inexistente, de modo que o jornal ia parar na mesa do dono do hotel, que era seu amigo. Assim, nem os funcionários do hotel sabiam o que se passava. E o dono do Haus Holub guardava o dinheiro para meu avô pegar quando, efetivamente, fugisse da Alemanha. E assim não deixaram rastros, o que seria um perigo para quem soubesse de algo, inclusive para o amigo.

Numa época, lembro de ver meu pai com uma infinidade de artigos de jornal e revistas sobre a mesa do escritório com tudo o que mencionasse uma tal empresa que produzia licores. Fazia muitos cálculos financeiros. Queria mensurar o valor de um invento: uma receita de licor que continuava a gerar lucros para a empresa, inclusive depois de ter demitido a pessoa que a criou. Acabou estudando questões do Direito para o processo aberto pelo inventor. Seu trabalho foi elogiado nos autos pelo juiz, pela qualidade do laudo apresentado. Lembro-me do orgulho da filha ao ler aqueles elogios ao trabalho do pai.

Mais curioso foi acompanhá-lo tentando descobrir por que pacientes internados no Hospital das Clínicas com insuficiência renal morriam de pneumonia. Estudou o ciclo de vida da Legionella pneumophilia. Descobriu a temperatura em que essa bactéria se reproduzia e partiu para investigar possíveis locais onde essa condição existia. Era na tubulação do aquecimento central do hospital. Sua proposta de desligar esse aquecimento, e instalar simples chuveiros elétricos no lugar, foi motivo de piada. Demorou. Mas trocaram e as mortes pararam. O caso virou artigo científico.

Um curioso. Um pesquisador a serviço da vida. Que não via limites para a busca de soluções pela via dos livros e de novos aprendizados pela prática, pelas tentativas e erros. Mesmo tendo nascido judeu e se tornado um católico convicto, comprou o Alcorão e lá foi ele tentar a leitura do livro para se aproximar de uma pessoa querida que havia se convertido ao Islamismo.

Pelas gerações de minha família, percebo que muita coisa foi escondida. Às vezes, dos próprios membros da família. Estratégias para aprender a viver e a cuidar uns dos outros. Por mais estranho que possa parecer. A vida não ė sempre luz. A sombra caminha junto. 

Em minha vida, percebo vários traços de minha herança, presentes na maneira como tenho enfrentado muitas situações. O medo, frequentemente presente, mas também a criatividade e o bom humor. Assim como a certeza de que tenho, sempre, algo precioso a aprender. Como as enchentes na casa onde morava, os dois acidentes de carro, o sequestro.  E tantas outras, menos dramáticas, mas não menos ricas de oportunidades para aprender coisas. E aprender a ser a pessoa que sou. 

Neste dia, envio ao universo um agradecimento aos Pais. A todos aqueles que inspiram suas filhas, seus filhos. E, certamente, uma homenagem ao meu Pai.  E ao dele, que não cheguei a conhecer. E também aos que vieram antes.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Aprender, sempre!

Vou pegar carona do blog do Pedro, de novo. Na nossa Roda de hoje (Roda semanal dos sócios da Clearsale), voltamos a tratar do desenvolvimento das pessoas, tendo mais alguns insights para aprimorar o crescimento de todos. Não é fácil. A diversidade de interesses e objetivos de vida é enorme. O que nos coloca grandes desafios. Mas é daí que vem a energia para criar. Também na semana passada, esse foi assunto da pauta e propus que cada um escrevesse o que aprendeu na empresa com as várias oportunidades de formação que permeiam as atividades de trabalho: no ambiente formativo, batizado de UAH.

No post de hoje, no Estadão, Pedro divulgou o texto que o Mauro (um dos sócios e também diretor de duas áreas) escreveu. Às vezes sou bem "chata", confesso, e insisti para o Mauro fazer um registro detalhado e com exemplos. É emocionante acompanhar tão de perto as aprendizagens de cada um. E também as minhas, pois nessa Roda eu me incluí e parei para refletir, registrar e pude partilhar o que tenho aprendido e me transformado nesse processo com as várias Rodas na empresa. Um dia eu conto! Hoje vamos ficar com o Pedro e o Mauro.

A arte de ir em frente sempre. Como pessoa e profissional
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 1 de julho de 2013
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 A transparência inerente às redes sociais que inspirou as pessoas nos protestos nas ruas também afeta a dinâmica dentro da empresa, conforme falamos no último post.  Assim como as pessoas protestam como cidadãos, elas também explicitam o seu lado profissional.  Nesta nova dinâmica, os líderes devem cultivar ainda mais a cultura do diálogo e  principalmente uma maior disposição para o seu próprio aprendizado pessoal. Com o diálogo e a interação com o outro temos mais chances de nos perceber também como pessoa.
Mas qual é este aprendizado? Crescemos pessoalmente quando quebramos algum paradigma próprio,  aumentando a nossa própria percepção e a do entorno.   Crescimento no respeito para o contexto das pessoas, para a emoção que permeia as relações humanas e principalmente a vivencia de valores presentes na subjetividade de cada pessoa em seus diversos papéis na vida.  Enfim, aumentar a nossa sensibilidade do contexto.
Para discutir mais sobre este incrível tema do aprendizado pessoal, trago abaixo em destaque o texto de Mauro Back, meu líder e sempre inspirador chefe escoteiro, que é nosso diretor de TI e da gestão da UAH (ambiente formativo na ClearSale):
‘Todo profissional é uma pessoa e uma parte importante da pessoa é o profissional. Dada esta verdade, na Clearsale adotamos a tese de que a pessoa não deve abandonar seu lado pessoal quando entra na empresa, mas deve, dentro deste ambiente, viver seu lado pessoal de forma simbiótica para si e para a empresa.
Diante do exposto, é natural que no processo formativo das pessoas se discuta não só o crescimento profissional, mas também o pessoal.
A ideia que me vem quando penso que em crescimento pessoal é que ele é um “crescimento para mim”. Embora isto possa parecer um tanto egoísta, deixa de sê-lo quando assumimos que voltar-se “para o outro” é fundamental para desenvolver o “para mim”.
Tradicionalmente, sempre que se pensa em educação, e no nosso caso educação corporativa de adultos, os “currículos” centram-se no saber. Nas escolas e faculdades, o currículo é uma sucessão fixa de disciplinas com ementas definidas que essencialmente concentram-se na aquisição de conhecimentos e habilidades. O foco é saber algo, como saber matemática, ou saber fazer algo, como saber programar um computador ou saber tocar um piano.
Ocorre que o desenvolvimento pessoal é muito pobre quando se centra apenas no saber. Na Clearsale definimos então “5 Ss” para dar integralidade ao crescimento das pessoas. Os três primeiros “Ss” abrangem subjetividade (capacidade de perceber a si mesmo e superar comportamentos condicionados), sensibilidade (capacidade de perceber os outros em profundidade e também os fatos e todas as coisas) e sociabilidade (capacidade de conviver harmonicamente e contribuir para grupos de pessoas de todas as dimensões). A arte é um componente forte de desenvolvimento da sensibilidade e quem toca um instrumento musical sabe que o saber tocar não é suficiente, mas que a verdadeira emoção da música vem da sensibilidade que acompanha a execução.
O quinto S é o meu favorito; sabor, a capacidade de ser feliz e que também é algo que se pode desenvolver, focando primeiro nas alegrias do dia a dia, mas também na felicidade conquistada pela realização de objetivos pessoais de mais longo prazo.
Todos os “Ss” contribuem com o desenvolvimento pessoal, mas o exercício da profissão tem realmente uma ligação profunda com o saber. Entretanto é fato sabido que muitas vezes as pessoas perdem os empregos não por falta de saber, mas por aspectos comportamentais. Desta forma fica evidente que com o desenvolvimento pessoal a empresa também tem muito a ganhar e que o desenvolvimento profissional, onde o ganho da empresa é mais evidente, também é desenvolvimento pessoal, porque também é “para mim”. Particularmente, como exemplo, são mais evidentes estas afirmações quando olhamos mais profundamente para um processo de desenvolvimento de líderes.
Posto isto, passo a relatar uma experiência pessoal onde poderia ser dito que “tudo conspirou para meu próprio desenvolvimento”, não fora eu uma pessoa com tendência para atribuir tais fenômenos sempre ao acaso.
Quando entrei na Clearsale fiz uma dinâmica, com a Dra. Cecília Warschauer, denominada “brasão”, onde expressei esteticamente e simbolicamente uma série de questões sobre mim mesmo. Neste brasão apontei como ponto forte minha capacidade de liderança e formação de times. Em contrapartida, paradoxalmente, em outra parte do brasão apontei como ponto fraco minha capacidade de desenvolver as pessoas do time.
Esta era uma deficiência que sentia de longa data. Nas empresas onde passei, deixei-me afogar pelas urgências e sempre me sentia recorrentemente angustiado com falta de tempo para o importante.
Por outro lado desenvolvi verdadeira ojeriza por reuniões, de tal forma minha experiência imposta com reuniões inúteis me traumatizou. Desta forma, para conseguir realmente produzir, criei uma estratégia modificando minha sala de trabalho, eliminando as famigeradas mesa e cadeira de gerente ou diretor e transformando a sala numa sala de reuniões, sem nenhuma reunião recorrente, mas com dezenas de microrreuniões, convocadas na hora, com as pessoas pertinentes para resolver o problema do momento.
Entrando na Clearsale repliquei este modelo, que realmente tem virtudes, mas não soluciona tudo, e encontrei estabelecida a metodologia de Roda & Registro da Dra. Cecilia, como alicerce no desenvolvimento das pessoas. Se uma roda não é uma simples reunião, com certeza implica em reunir as pessoas e isto vinha contra meu “uso e costume”. Por outro lado, não reunir é realmente absurdo se pesarmos que queremos desenvolver equipes e pessoas.
Unindo tudo isto, enfrentei minha antiga angustia e instituí o dia do importante. O dia para acompanhar meus gerentes e especialistas, suas metas e seu desenvolvimento. O dia para ser um líder de verdade, focando as funções mais nobres do líder, o resultado e desenvolvimento das pessoas. Neste dia passei a fazer a roda com meus gerentes e especialistas e começamos por refletir o tipo de líderes que queríamos para a TI da empresa, as habilidades que este líder tem de ter, um diagnóstico do nosso time no sentido comportamental e também técnico, uma estratégia para aumentar a sinergia na TI, o plano de desenvolvimento individual de cada líder e assim por diante.
Pude aprender, na prática, que as rodas podem e devem se encadear como um corrente crescente de crescimento pessoal e do time.
Paralelamente, em uma roda dos sócios da empresa, com mais alguns diretores, passamos a aprofundar a habilidade de gestão do tempo, com base na nossa experiência compartilhada e também com base em saberes disponíveis no mercado. Isto reforçou minha certeza da importância de ter o dia do importante ou o tempo reservado para o importante.
Por fim, tendo aquele brasão esquecido, mas guardado com carinho no armário, certo dia emprestei minha sala para a Cecilia fazer a dinâmica do brasão com duas pessoas da minha equipe. Normalmente eu deveria sair, porque sempre algo de muito pessoal sai da dinâmica, mas as pessoas disseram que eu ficasse, porque havia espaço para eu trabalhar num ponta da mesa enquanto eles faziam a dinâmica e também, com certeza, porque confiam em mim.
Prometi então, no final, mostrar o meu brasão esquecido e quando o fiz, vi que tudo estava lá, a angústia original e o problema, que penso já evolui na solução, tanto na prática, quanto dentro de mim, o que com certeza é o mais difícil.’
Obrigado Mauro! Linda a teoria e principalmente o exemplo do teu crescimento pessoal! E assim em rodas e registros acolhendo as pessoas com  transparência buscamos um ambiente auto formativo que traga além da felicidade pessoal um grande ganho profissional. Vamos em frente sempre!


  

terça-feira, 25 de junho de 2013

Nas ruas também se ensina (e aprende) a dialogar!

Mais uma vez, convidada pelo Pedro Chiamulera (CEO da Clearsale), escrevi algo para o seu Blog de empreendedorismo veiculado pelo Estadão PME. Desta vez, num post "A Revolução das ruas ensina o poder da transparência digital".

Estou sempre em busca de caminhos para fomentar o diálogo, nas várias instâncias, enfrentando os obstáculos, quando possível, pois nem sempre é. Um outro, aberto à conversa, é necessário.

E quando o outro não está aberto? Um caminho, comum, é "forçar a barra". Às vezes, com violência. Ainda mais facilitada quando se está em grupo. O que dizer de "um grupo" de milhares de pessoas? Nos primeiro dias, tivemos também a polícia agindo com violência (e truculência). Nos dias seguintes, as tentativas de conflito sem confronto, de um lado e de outro. Salvo exceções (sempre há!)

"A maioria dos manifestantes tentava acabar com a depredação. Sempre que alguém mais exaltado subia na marquise do portão principal (do Palácio dos Bandeirantes) ou chutava a porta, a massa gritava para ele parar. As lideranças organizaram uma comissão com cinco pessoas para tentar  um diálogo com representantes do governo estadual.
O estudante Vitor Demétrio, de 19 anos, era parte dessa maioria 'A maioria seguiu pacífica por quatro horas. Algumas pessoas queriam entrar de qualquer jeito e não estavam sabendo negociar. A gente tem como fazer isso e poderia ter negociado até a entrada do palácio, mas pelo jeito a gente vai perder essa chance'.
Por volta das 23h05, o grupo que atacava a entrada de carros continuava a bater e soltar rojões no portão até que parte dele cedeu." (O Estado de São Paulo, terça-feira, 18 de junho de 2013, pág A12)

Foi esse o meu foco de leitura da passeatas, bem parcial (pois sempre é: tomamos nossas experiências e valores como filtro de leitura: a nossa subjetividade está sempre presente). Foi essa a minha contribuição ao post do Pedro, que refletia a partir do seu campo de experiências: o mundo digital!

Segue o meu texto. E, a seguir, o link para o post completo do Pedro.

Temos, todos, o desejo e a necessidade de FALAR, mas que depende de uma ESCUTA, difícil, daquilo que não se quer ouvir, seja no âmbito doméstico, entre marido e mulher, seja no ambiente de trabalho, permeado pela pressão por resultados e relações de poder, quanto na sociedade mais ampla, como vemos ocorrendo na cidade de São Paulo e em outras capitais.

Não ter espaço para falar – e ser ouvido- é algo que não pode durar para sempre, pois uma hora explode, se não em violência, em greve branca, quando continuamos o trabalho, mas sem a energia que este requer para ter algum resultado. É o que vemos nesses vários âmbitos da vida humana.

Na Clearsale, com todas as dificuldades que um ambiente corporativo apresenta (como a necessidade de fortes resultados em curto prazo, relações hierárquicas envolvidas, falta de tempo e até de salas) lutamos por construir e manter espaços e a abertura para as conversas. Que muitas vezes são incômodas, pois se referem a críticas inesperadas, porque fruto de outros pontos de vista diferentes, sentimentos e emoções diferentes nos nossos. É uma busca diária para aprender a ouvir as vozes dissonantes.

É a construção de uma CULTURA do diálogo. Que desafio!

Foi de grande emoção acompanhar a passeata pacífica na Av.Paulista na última terça-feira. Diria, um T! acompanhar um mar de gente em busca de um Brasil melhor, com diferentes enfoques, grupos carregando faixas por diferentes causas, com vozes dissonantes no meio, mas unidos para reivindicar em, e pela, PAZ. Emoção em ver o poder de organização de uma multidão que se observa e, em silêncio, constrói uma onda: as pessoas vão se sentando, indicando pelo exemplo, umas às outras, para também se sentarem e, depois, se levantarem coordenadamente, formando uma onda humana.

Lutar pelo diálogo pode parecer (e ser) algo agressivo, mas é o resultado quando não se tem espaço para falar e ser ouvido no dia-a-dia. Saber falar é um aprendizado diário. Assim como o saber ouvir!
Reinventar o Brasil, os ambientes de trabalho e da vida doméstica com uma cultura do diálogo, permeada sempre por contradições e conflitos, pode ser um sonho. Mas, acredito, um sonho possível se mantivermos a marcha. Por isso tentamos ter, como rotina, as Rodas para olhar-se de dentro e de fora, pelos olhos dos outros. Pode ser duro às vezes! Mas é belo, e precioso, sempre!


"A revolução das ruas ensina o poder da transparência digital": http://blogs.pme.estadao.com.br/blog-do-empreendedor/a-revolucao-das-ruas-ensina-o-poder-da-transparencia-digital/
 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Um novo símbolo para novos tempos

Não tenho escrito aqui com a frequência que gostaria. Então, ao menos, compartilho o que acabei escrevendo para o Blog do Estadão, a convite do Pedro Chiamulera, CEO da Clearsale.

Pedro escreve semanalmente e, nesta semana, quis contar a novidade do espaço de formação que avança na empresa. Na realidade, as novidades são muitas. Tenho procurado registrar, ao máximo, as ações concretas, mas sobretudo as reflexões sobre elas, que demonstram o que eu havia prometido ao inaugurar esse blog: o mundo corporativo também é capaz de ser um espaço de formação e afetividade (confesso que muitas vezes me deparo com uma abertura maior do que a que experimentei em escolas e universidades...). Mas esses registros têm ficado em meu Diário, como matéria prima do próximo livro, que já se esboça: o terceiro da trilogia das Rodas. Acabei contando o segredo. Mas, é o mínimo que eu poderia fazer após tanto silêncio por aqui.

Voltando à novidade do espaço formativo da Clearsale (e já se vão 3 anos e meio de ações e reflexões por lá!), foi lançado um novo logo que melhor o expressasse. Tantas mudanças (agora são quase 600 colaboradores fazendo Rodas semanalmente!) pediram um novo símbolo.

A matéria segue abaixo, mas incluo o link que dará acesso às demais publicações do Pedro: http://blogs.pme.estadao.com.br/blog-do-empreendedor/o-poder-de-um-simbolo/

O poder de um símbolo

13 de maio de 2013
 
Pedro fala sobre a origem do grito de guerra da empresa


Há duas semanas falamos sobre a nova marca da ClearSale e sobre o slogan Liberdade para Vender. Hoje vamos falar da marca de nossa cultura, que originou-se de um grito de guerra para compartilhar importantes momentos na empresa: UAH!  A UAH é o meu grande T!esão dentro da empresa e uma fonte inesgotável de aprendizado tanto pessoal quanto profissional. Um grito que surgiu da necessidade de um sentido maior na vida da atividade profissional.  Para comemorar esta importante virada convidei a Cecilia Warschauer, Dra em Educação pela USP, para explicar o significado da nova marca da UAH. A Cecilia idealizou o modelo de rodas em rede de autoformação por meio de seu método Roda&Registro. Segue abaixo o seu texto juntamente com uma poesia de sua autoria:

“Confesso minha surpresa e alegria no momento em que conheci as propostas para o novo logo, feitas por especialistas em Comunicação. (Valeu Gabriel Madeira!) Sim, vocês conseguiram expressar algo na imagem que as palavras tinham dificuldade de dizer! E quando tentamos falar da UAH, precisamos de muitas! É esse o poder de um símbolo: expressar sinteticamente algo da dimensão do invisível. E, no caso, foi especialmente feliz o resultado do logo, por conseguir aglutinar tantos elementos que fazem parte do nosso Ambiente Formativo, chamado UAH.



O formato lembra uma Mandala, que tem a capacidade de expressar, numa unidade, as diversidades, dualidades, contradições e dilemas que fazem parte da vida de cada um, dos grupos, das sociedades. Portanto, também da formação humana.  Já falamos sobre isso na Semana de o Empreendedorismo Criativo de 2012, que teve os vários dilemas como eixo condutor das Rodas de conversa. Continuamos falando sobre isso no cotidiano de nossas Rodas na Clearsale. Rodas que movimentam a UAH.

Essa Mandala (que também parece estar em movimento) é formada por balões – que bem poderiam ser vistos como os ‘balões de fala’ das histórias em quadrinhos.  E este é o elemento básico da rede de formação e desenvolvimento pessoal e profissional da UAH: a conversa. As conversas propiciam o encontro de pessoas, sujeitos, que lutam para sair de sua condição de sujeitados, ao expor e analisar os diferentes pontos de vista, e seus conflitos e contradições, tomando consciência de sua própria, e inseparável, subjetividade: sua maneira única de pensar, sentir e agir, fruto de uma história de vida, também única. Se por um lado somos sujeitados à nossa subjetividade, por outro, podemos minimizar seus efeitos negativos quando tomamos consciência dela, o que é possível quando entramos em contato com outras subjetividades, conhecendo outros pontos de vista, daqueles que nos olham de fora. E é esse olhar que nos ajuda a crescer “de dentro para fora”, por mais paradoxal que possa parecer, e nos ajuda também a ser.



Dos encontros, confrontos e reflexões, individuais e coletivas, surgem as intersubjetividades e, com elas, também a possibilidade de libertação do que parecia um dado imutável. Há um mar de possibilidades. Há várias brechas. Criam-se as intersecções de pontos de vista quando há a criação de soluções novas, não pensadas por ninguém individualmente. Surgem novas cores! É o que aparece no logo da UAH quando os balões – ou as órbitas do pensamento individual – se interceptam: amarelo, laranja, vermelho e roxo. E assim nos aproximamos do centro. Do local do encontro. Do coração. Da fonte dos afetos, onde, acredito, está o verdadeiro poder. O poder de (trans)formação”.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

E a Roda ganha as ruas...

Realizar Rodas é um desafio. São vários os obstáculos. Desde a coragem para se expôr e confiar nos colegas para trocas profundas, conseguindo, por exemplo, dar idéias que podem ser consideradas 'bobas', àqueles ligados à nossa resistência a mudanças, seja de membros da equipe, com as acolhidas e despedidas, seja pelas novas demandas e estruturação da empresa. Há também dificuldades de garantir um tempo sistemático para refletir e pensar junto, num cotidiano sempre carregado por tarefas, metas a cumprir, problemas urgentes a resolver.

Como se não bastasse, também pode faltar espaço! É o que temos vivido na empresa, por crescer com grande velocidade. Há três anos, quando comecei com as Rodas na Clearsale, não éramos 100. Hoje somos 500.

Mas ao acreditar nas Rodas como caminho de desenvolvimento pessoal e maneira de melhorar as performaces individuais e do grupo, é possível encontrar soluções e enfrentar os vários desafios e obstáculos, juntos! Ser parte de uma equipe que se ajuda a enfrentar os mais diversos problemas é um prazer e um privilégio que não têm preço. Tem sido um grande prazer poder contribuir com a criação desses ambientes formativos na empresa.